Óleo de Laranja

Trazida ao Mediterrâneo da Ásia pelos sarracenos na era das cruzadas, a familiar laranja doce usada em aromaterapia hoje vem da Sicília, Israel, Espanha e Estados Unidos, e os óleos essenciais de cada país diferem um pouco em suas características. São ricos em vitaminas A, B e C, em flavonóides e em minerais. Os chineses, porém, corretamente alertaram, no Chu-lu - a primeira monografia que descreve os diversos cítricos, escrita em 1178 - que ela pode intensificar a congestão pulmonar.
As laranjas foram um dia consideradas como símbolos da frutificação, e os gregos as chamavam de "maçã dourada das hespérides". Diz-se que o deus Zeus teria dado uma laranja a sua noiva Hera quando se casaram.
Em 1290, Eleanor de Castela levou a laranja para a Inglaterra, onde a fruta era cultivada como produto de luxo em estufas ou "orangeries". Nos climas setentrionais, apenas os muito ricos podiam arcar com os preços da laranja, e elas eram ocasionalmente dadas como presentes extravagantes de Natal. Nas cortes européias, cravos eram enfiados em laranjas, por sua vez transportadas em uma bolsa com o objetivo de combater a depressão e o nervosismo, bem como para alegrar mais os sombrios dias de inverno. O óleo essencial é extraído da casca por esmagamento, e dura apenas um ano. É preciso mantê-lo fresco e sem exposição à luz solar.
Principais componentes da laranja: limonene (até 90%), com aldeídos, citral, citronelol, geraniol, linalol, metil antranilato e terpineol.  O aroma da laranja: um cheiro vivaz, animado, bem distintivo. A tangerina, uma fruta aparentada, é mais brilhante e doce, e o petitgrain é mais áspero, mais agudo e consideravelmente mais herbal ou "verde".
Propriedades terapêuticas da laranja: sedativa; alivia espasmos musculares, cãibra e indigestão.
Usos da laranja: o maior motivo de fama da laranja na aromaterapia é sua capacidade de afetar o humor e reduzir a pressão arterial elevada. De fato, basta cheirá-la para reduzir a pressão arterial em dois pontos. Também é bom adjunto para a arritmia cardíaca. Pesquisas da International Flavors and Fragrances, de Nova Jersey, constataram que ela também reduz a ansiedade. Não é preciso nem comprar o óleo essencial. Basta descascar uma laranja e sentir seu aroma. 
Ainda que não tão antibiótica quanto o limão, ela continua a ter algum valor no combate aos resfriados, gripes e à congestão linfática, especialmente quando acrescentado ao óleo de massagem. O aroma das laranjas é um dos favoritos das crianças, e elas em geral sentem mais entusiasmo quanto a um tratamento de aromaterapia que inclua a fruta. Use também o óleo de massagem para aliviar a indigestão ou superar casos amenos de insônia ou depressão. Cosmeticamente, ela beneficia as compleições oleosas, ainda que óleos essenciais com fragrâncias mais sofisticadas sejam preferidos.
Alertas sobre a laranja: o óleo é apenas ligeiramente fotossensibilizante, mas cuidado com o uso em banhos ou preparados para a pele, porque ele pode causar queimaduras - apenas quatro gotas em uma banheira podem bastar para irritar e avermelhar a pele. Óleos aparentados como o de tangerina ou mandarim (C. reticulata) são escolhas mais amenas e seguras, especialmente para mulheres grávidas e crianças muito pequenas. 


SOBRE A AUTORA: Kathi Keville é diretora da Associação Herbal Americana e editora do boletim American Herb Association Quarterly. Escritora, fotógrafa, consultora e professora especializada em aromaterapia e ervas há mais de 25 anos, ela é autora de diversos livros, entre os quais Aromatherapy: The Complete Guide to the Healing Art e Pocket Guide to Aromatherapy, e publicou mais de 150 artigos em revistas como New Age Journal, The Herb Companion, e New Herbal Remedies.

Sândalo Mestre Interior

O óleo essencial do sândalo é destilado das raízes e da madeira central de árvores que demoram entre 50 e 80 anos para atingir sua plena maturidade. Em um espantoso e longo processo de produção usado desde a antigüidade, as árvores de sândalo maduras eram cortadas e depois deixadas para serem devoradas por formigas, que consumiam toda a madeira exceto a fragrante porção central e as raízes. Toda a madeira restante é usada, incluída a serragem.
A fragrância, conhecida como chandana, é empregada em aromaterapia para induzir um estado calmo e meditativo. A fragrância duradoura só melhora com o tempo. De acordo com a mitologia, o sândalo crescia originalmente apenas nos jardins do céu. Portões de templos e estátuas religiosas eram entalhados nessa madeira devido às suas associações espirituais, ao cheiro maravilhoso e ao fato de que é inexpugnável contra cupins e outros insetos.
O sândalo também desfruta de reputação imemorial como afrodisíaco, e de fato a  fragrância se assemelha ao feromônio humano alfa androsterole. Mysore, na Índia, produz o óleo da maior qualidade, e por ser uma espécie ameaçada, o sândalo é regulamentado pelo governo indiano, que agora cuida da plantação de árvores em terras cultivadas. 
Principais componentes do sândalo: santalóis (até 90%), fusanol, santene, ácido santálico, teresantol, borneol, santalone e outros.
O aroma do sândalo: um aroma suave, com toques de madeira e fragrância balsâmica.
Propriedades terapêuticas do sândalo: antidepressivo, antiinflamatório, antifungos, adstringente, sedativo, inseticida, anti-séptico urinário e pulmonar; alivia congestão pulmonar e náusea.
Usos do sândalo: o óleo essencial trata infecções dos órgãos reprodutores, especialmente nos homens, e ajuda a aliviar infecções de bexiga. Para os dois usos, adicione 12 gotas do óleo essencial a 30 mililitros de óleo vegetal e aplique em massagem sobre a área. O óleo também combate inflamações, de modo que pode ser usado em hemorróidas. Um xarope ou bálsamo para o peito contendo sândalo ajuda a aliviar tosses persistentes e dores de garganta.
Um dos mais importantes usos do sândalo é sedar o sistema nervoso, controlando o nervosismo, ansiedade, insônia e, até certo ponto, reduzindo as dores nervosas. Os pesquisadores constataram que ele relaxa as ondas cerebrais. Adequado para todas as compleições, e especialmente útil em irritações, inflamações, acne e pele ressecada, desidratada ou esfoliada.

Néroli

Nativa da Indochina, a laranja amarga produz as flores usadas para um óleo essencial conhecido como neroli, entre os aromaterapeutas e perfumistas. As árvores são cultivadas comercialmente na França, Marrocos, Tunísia e Egito, e são bastante diferentes da laranja doce que produz o óleo de laranja. Uma história aponta que o nome do neroli é referência à princesa de Nerola, no século 16 italiano, que amava o aroma das flores de laranjeira.
O aroma, considerado como intensamente feminino, se tornou um símbolo de pureza, castidade e amor eterno. Acredita-se que o neroli influencie a criatividade de outras maneiras, especialmente na música e literatura. Os modernos aromaterapeutas consideram o neroli mais como um tratamento contra a depressão. As flores podem ser destiladas, ou gerar um sólido pelo método da enfleurage, ou extraídas com solventes para produzir um absoluto. Um subproduto da destilação, a "água de flor de laranjeira" é usada na culinária e para dar brilho à pele.
O neroli é o principal ingrediente da água de colônia original, usada tanto como fragrância quanto para dar brilho à pele. O neroli também era um dos favoritos de Maria Antonieta e de Napoleão, que segundo dizem, usava diversos vidros ao dia como loção após-barba. Destilar as folhas e os caules da laranja amarga produz um óleo essencial conhecido como petitgrain, ainda hoje freqüentemente usado em colônias masculinas, que muitas vezes adultera o neroli, bem mais dispendioso.

Principais componentes do neroli: nerol, nerolidol, geraniol, jasmone, dipentene, terpineol, farnesol, indol, l-camfeno, pinene, ésteres acéticos, e outros.
O aroma do neroli: é um cheiro agridoce, floral, apimentado, característico e ocasionalmente forte a ponto de ser desagradável, até que diluído.
Propriedades terapêuticas do neroli: sedativo; alivia espasmos musculares e cãibras, estimula a circulação.
Usos do neroli: o uso preferencial do neroli é para problemas de circulação, especialmente hemorróidas e alta pressão arterial. Ele oferece um cosmético de fragrância maravilhosa e é efetivo para pele madura, ressecada e sensível, e também é um dos melhores óleos essenciais para acrescentar a um creme vaginal durante a menopausa. Supostamente regenera as células da pele e tem propriedades de combate ao envelhecimento. Para uma sensação de relaxamento intensa, adicione-o ao banho e alivie as tensões da TPM, menopausa ou da vida em geral.

SOBRE A AUTORA: Kathi Keville é diretora da Associação Herbal Americana e editora do boletim American Herb Association Quarterly. Escritora, fotógrafa, consultora e professora especializada em aromaterapia e ervas há mais de 25 anos, ela é autora de diversos livros, entre os quais Aromatherapy: The Complete Guide to the Healing Art e Pocket Guide to Aromatherapy, e publicou mais de 150 artigos em revistas como New Age Journal, The Herb Companion, e New Herbal Remedies.

Ingredientes básicos para aromaterapia

Ingredientes para a aromaterapia

Você precisará de apenas alguns ingredientes básicos para começar a praticar a aromaterapia. Provavelmente, você já possui a maioria deles.

Um copo medidor, algumas colheres medidoras e alguns funis pequenos serão necessários para começar a fazer aromaterapia. A menos que você adicione óleos essencias a um produto já pronto, você precisará de frascos ou recipientes apropriados para o armazenamento. Frascos simples são vendidos em drogarias, mas, caso você queira algo mais requintado, verifique alguma loja de produtos naturais. Compre também algumas etiquetas para os frascos. Tenha sempre à mão toalhas de papel e álcool para limpeza.

Um bom jogo de colheres medidoras é fundamental para a aromaterapia

Você precisará de algo para medir quantidades pequenas de óleos essenciais e transferi-los para outros frascos. Alguns óleos essenciais são vendidos em frascos que possuem um dispositivo chamado redutor que permite que caia apenas uma gota de óleo por vez. Depois de algumas tentativas, você já conseguirá usá-lo com facilidade, mas não agite o frasco ou diversas gotas sairão de uma só vez. Conta-gotas de vidro também são um boa opção para se conseguir a quantidade certa de óleo essencial e eles são vendidos em drogarias, lojas de produtos naturais e também por alguns fornecedores de óleos essenciais.

Tenha cuidado para não contaminar seus óleos essenciais ao usar um conta-gotas de um óleo em outro. Não é necessário ter um conta-gotas para cada óleo. Apenas lave bem o conta-gotas com álcool e espere alguns minutos até que o álcool evapore completamente antes de usá-lo em outro óleo. Ter dois ou três conta gotas permitirá que você os alterne.

Se preferir, use um tubo longo e estreito chamado pipeta para medir pequenas quantidades de óleos essenciais. As pipetas podem ser feitas de vidro ou de plástico, entretanto, o mais fácil de usar - embora mais difícil de limpar - é o de plástico com uma pequena bomba na extremidade. Tente com água antes de começar a medir seus óleos essenciais. As pipetas são vendidas em catálogos de equipamentos químicos, em algumas drogarias e em catálogos de produtos aromaterapêuticos.

Para medir quantidades maiores, use um copo medidor. Um jogo de colheres medidoras também é útil para medir uma quantidade maior do que algumas gotas de óleo essencial. Além do equipamento, você também precisará de alguns óleos essenciais e de vários carreadores como óleo vegetal, água destilada, álcool e vodca. Você pode comprar ou encomendar alguns óleos vegetais mais requintados, como o de amêndoas, o de damasco, o de semente de uva e o de jojoba, na maioria das lojas de produtos naturais.

Aprenderemos mais sobre óleos carreadores na próxima seção.

Conversões de medidas em aromaterapia
Use a tabela de conversão abaixo para medir os óleos essenciais ao preparar as receitas aromaterapêuticas.

12,5 gotas	1/8 de colher de chá	5/8 gramas	1/6 dracma	5/8 ml
25 gotas	1/4 de colher de chá	1/24 gramas	1/3 dracma	11/4 ml
75 gotas	3/4 de colher de chá	4 gramas	1 dracma	3,7 ml
100 gotas	1 colher de chá	5/6 gramas	11/3 dracma	5 ml

O retorno da aromaterapia

Atualmente, produtos de medicina, aromaterapia e perfumes são vistos como coisas separadas, embora a aromaterapia esteja, pouco a pouco, recuperando sua herança medicinal. Um químico francês, Rene-Maurice Gattefosse, inventou o termo "aromatherapie" em 1928. Sua família fazia perfumes, mas seu interesse no uso medicinal dos óleos essenciais começou quando ele queimou gravemente sua mão em uma explosão no laboratório. Ele mergulhou propositalmente a mão num recipiente de óleo de lavanda que estava por perto para aliviar a dor, mas ficou impressionado com a rapidez com que isto aconteceu. Ele escreveu vários livros e artigos sobre a química dos perfumes e cosméticos. Aproximadamente na mesma época, um outro francês, Albert Couvreur, publicou um livro sobre as utilizações medicinais dos óleos essenciais.

Uma nova onda de praticantes da aromaterapia se inspirou nesse livro, sendo um deles o Dr. Jean Valnet, que (enquanto foi cirurgião na segunda guerra mundial) usou óleos essenciais como o tomilho, cravo-da-índia, limão e camomila em ferimentos e queimaduras. Mais tarde, ele usou os óleos essenciais para tratar de problemas psiquiátricos. Marguerite Maury, uma bioquímica francesa, desenvolveu métodos terapêuticos de aplicação destes óleos na pele (como a massagem por exemplo) reintroduzindo um antigo método da aromaterapia no mundo moderno.
SOBRE O AUTOR: Kathi Keville é diretora da American Herb Association e editora da American Herb Association Quarterly newsletter. Escritora, fotógrafa, consultora e professora especializada em aromaterapia e ervas por mais de 25 anos, ela escreveu vários livros, incluindo Aromatherapy: The Complete Guide to the Healing Art and Pocket Guide to Aromatherapy, e escreveu mais de 150 artigos para revistas como New Age Journal, The Herb Companion e New Herbal Remedies.